A construção da ponte que substituirá a que desabou sobre o Rio Jacuí, em Agudo, deve levar de seis a nove meses. A previsão é do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), que pretende fazer uma contratação emergencial para executar a obra, orçada em cerca de R$ 10 milhões.
Até lá, o Exército planeja a colocação de uma ponte provisória para garantir a retomada do trânsito na estrada Tabaí-Santa Maria (RSC-287). Atendendo a um pedido da governadora Yeda Crusius, técnicos do 3º Batalhão de Engenharia de Combate, de Cachoeira do Sul, já estiveram no local para avaliar as condições técnicas. O coronel Selmo Pereira, comandante da unidade, diz que uma das possibilidades é a utilização de uma ponte flutuante, com uma estrutura de metal sustentada por botes de borracha ou contêineres. A instalação de uma estrutura fixa de metal foi descartada, porque a maior ponte de que o Exército dispõe tem 60 metros – e apenas o trecho que caiu tem 132 metros. A decisão, porém, só será tomada depois de uma análise mais detalhada do local, quando o Jacuí voltar ao nível normal.
– Para a utilização de pontes flutuantes, precisamos avaliar a correnteza, a largura do rio e as margens – explica o coronel.
Daer diz que nada poderia ter evitado a tragédia
Segundo o diretor-geral do Daer, Vicente Britto Pereira, o comprometimento da estrutura impede que seja feita uma reforma na ponte. A parte que restou será fundamental para determinar as causas da tragédia. A partir da análise do concreto, técnicos do órgão pretendem descobrir se havia algum dano estrutural.
O diretor-geral do Daer afirma que a última vistoria na ponte foi realizada em 2007. Conforme ele, o documento com os detalhes da vistoria ainda está sendo procurado nos arquivos do Daer na região. Mas ele acredita que nenhuma fiscalização teria sido capaz de impedir a tragédia, por se tratar de um nível de água fora do comum. Ao subir 11 metros, a água atingiu pela primeira vez as vigas da ponte.
– Nenhum projeto foi feito para aguentar um esforço lateral dessa magnitude – argumenta.
O engenheiro civil Mauri Panitz, especialista em segurança viária, concorda que essa pode ter sido uma das causas do desabamento. Mesmo assim, critica a falta de fiscalização e de investimentos pelo Estado – e alerta que outras pontes correm o risco de cair.